Pano pra manga retalho pra capanga "A Mudança"
A mudança
Quando Filipe estava com três meses de vida, eles tiveram que mudar de casa, devido à localização de onde moravam, que não era nada favorável.
Era muito longe de tudo, escola, supermercado, açougue, farmácia, enfim, era onde“ O Coisa ruim” perdeu as botas.
Antônio, vendeu a casa, comprou um lote em um lugar mais próximo dos recursos e teve um prazo estipulado, para entregá-la ao novo proprietário.
Foi uma correria, para piorar o dinheiro da venda mau deu para levantar a casa no ponto de alvenaria, e tiveram que mudar para uma construção.
Era um sábado a tarde, encostou na porta de sua casa, um caminhão velho com alguns amigos na carroceria, para ajudar na mudança e, em instantes, estava toda a mobília no velho caminhão que, quase não conseguiu subir o morro, deslizando no cascalho, com seus pneus mais lisos que o dono da mudança.
Lúcia e os meninos entraram na cabine, enquanto Antônio e os amigos, viajavam na carroceria segurando os poucos móveis daquela família, até chegarem na nova moradia que, na realidade, era uma obra inacabada.
A casa estava só no piso grosso, as paredes de fora com os tijolos a vista e por dentro só no chapisco.
As paredes estavam repletas de buracos dos andaimes, a energia ainda não estava ligada, para piorar a situação, depois de uma grande correria para descarregar o caminhão antes de anoitecer e colocar as coisas no lugar, caiu uma tempestade que nunca vira antes, parecia um dilúvio, chovia mais dentro que de fora.
Era água escorrendo pelas paredes, devido aos buracos e pelas janelas que estavam sem vidros.
Em meio a esses transtornos, Lúcia estava feliz e animava Antônio com palavras de esperança, ele não dissera uma palavra se quer depois que chegaram, estava se sentindo culpado, de tirar sua família do conforto da outra casa e jogá-los ali, naquela construção.
Enquanto o marido corria de um lado para o outro socorrendo os poucos móveis que tinha, os cobrindo com uma lona plástica, que pegara emprestado em uma construção, tampando os buracos nas paredes com buchas de sacos de cimento vazios e sacolinhas plásticas, a mulher preparava um café cantarolando uma conhecida canção que cantavam na missa.
A chuva passou e a noite veio, e com ela um frio fora do comum, estava tão frio que parecia que iam congelar, talvez pelo chão meio úmido devido às goteiras, o cimento ainda fresco e o vento que passava pelos buracos da parede que Antônio não conseguiu tampar, dava sensação de mais frio ainda.
Pegaram todas as cobertas da casa, distribuiu-as entre os filhos e o casal e mesmo assim passaram muito frio.
No meio da noite, Juninho, o filho do meio do casal, acordou e pediu a mãe para fechar as janelas para ver se esquentava um pouco, elas estavam fechadas, porém, não tinham vidros.
Com muito custo amanheceu, e um lindo sol brilhou, a estrela reinava no céu aberto e sem nuvens, isso confortava um pouco o sofrimento de Antônio, que não conseguiu pregar os olhos naquela noite, preocupado com aquela situação.
Com o dia claro, Antônio contemplava aquela paisagem, olhando a sua volta, se via em todo bairro, apenas sua casa, eles seriam os primeiros moradores daquele grande loteamento.
Os meninos amaram o lugar, no lote ao lado, que mais parecia ser o mesmo, não havia cerca, e muro nem no sonho, tinha um pé de pequi e outro de jatobá, que seria o local preferido dos garotos.
Até onde as vistas alcançavam, ao norte e sul, só se via pasto e as ruas traçadas, todas de terra batida, ao oeste se via as casas do bairro vizinho, que no futuro emendaria com aquele bairro.
Depois de dois dias morando sem energia elétrica, conseguiram ligar com a ajuda de um amigo que trabalhava na concessionária, e com apoio de parentes, Antônio tampou com barro os buracos das paredes, deixando a casa, onde viveriam muitos anos naquele improviso, com a sensação térmica mais agradável.
Artesanato é para todos
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