Acidente de carro - Livro Pano pra manga retalho pra capanga
Acidente de carro
Era véspera de natal e como de costume, era tradição ir à missa e depois irem para casa da avó para cear com a grande família que reunia nessa data todos os natais.
Lúcia, Antônio e Juninho foram para celebração deixando Filipe com a irmã por saberem que, se o levasse, nem eles, nem ninguém da igreja participariam tranquilamente da liturgia, ainda mais que Filipe ganhara antecipadamente um carrinho de pilha que andava sozinho, emitia sons de polícia e ambulância que certamente o garoto iria querer levá-lo para missa.
Em contrapartida do adiantamento do presente, o alemão teria que se comportar na noite de confraternização.
A mãe deu banho no garoto, o arrumou para quando terminasse a missa eles os apanhariam de modo a irem à festa de Natal.
Em um descuido da irmã, o menino fugiu para rua, ela saiu desesperada a sua procura que por sorte, não fora muito longe, ela o pegou andando em cima de uma parede semi-erguida, em uma construção em um lote em frente a sua casa, e com muito custo conseguiu colocar o garoto para dentro que sujou toda a roupa nova, comprada exclusivamente para a noite de natal.
Para entreter aquele anjo, que só tinha aparência deles, com seus cabelos compridos, loiros e encaracolados, e seus olhos azuis. “Pobres anjos que sofriam em ter que cuidar do pirralho, que não os davam sossego um segundo sequer.”
A irmã colocou o moleque pra dentro e o encorajou a brincar com tal carrinho a pilha, para ver se o segurava em casa até seus pais chegarem da missa.
Filipe ligava o carrinho em uma chave que ficava em baixo do automóvel, o colocava no chão e ficava apostando corrida com o brinquedo que, ficava sempre para trás.
Após cansar de correr e cansar mais ainda a irmã, que ficou o tempo todo o observando, a pediu um copo de suco, pegou o carrinho e aquietou no sofá, segurando o brinquedo e o copo de suco.
De repente a irmã saiu assustada por causa do choro do garoto, que ligou acidentalmente o brinquedo que estava próximo às suas madeixas e foi uma bagunça só.
As rodas do veículo se enrolaram nos cabelos do garoto, que chorava de dor, enquanto a irmã sem saber o que fazer começou a chorar e pediu ajuda a um menino que passava na rua, que também não conseguiu desenrolar o carrinho dos cabelos do Filipe. Nessas alturas já chamara a atenção da rua toda pela altura do choro.
A irmã pediu para um garoto vizinho chamar seus pais na igreja que ficava um quarteirão dali, de modo a socorrer o pirralho enroscado no carrinho.
O menino saiu em disparada rua afora e chegou na igreja com o coração na boca.
Foi um custo achar os pais do Filipe em meio àquela multidão.
Ao encontrá-los, o garoto cochichou no ouvido da mãe bem na hora que a igreja toda cantava o Glória e as campainhas tocavam simultaneamente.
A mãe entendeu somente algumas palavras e saiu apressadamente no meio da celebração, com o marido e o filho, dizendo que o garoto dissera a ela ter acontecido um acidente de carro e que entendera ser com o Filipe.
Ao chegarem na porta da casa, a mulher e o marido ficaram com as pernas bambas, ao ver uma vizinha chegando apressada na casa deles, e imaginaram ter acontecido o pior.
Quando entraram no portão, ouviram os berros do Filipe, isso os deixaram mais tranquilos, pois perceberam que pelo menos estava vivo.
Ao entrarem na sala, tinha outra vizinha desesperada, tentando retirar o carrinho dos cabelos do garoto, que, de tanto chorar estava igual a um pimentão vermelho.
O pai mais aliviado, pediu licença a socorrista e ao examinar a situação, verificou que a chave de ligar o carrinho estava acionada e isso fazia apertar cada vez mais os cabelos do moleque, e ia afrouxar somente quando as pilhas descarregasse.
Antônio desligou a chave e o garoto parou de chorar instantaneamente.
Depois de muito custo e de terem que cortar um pedaço do cabelo do menino, eles puderam ir para ceia de natal, já que da missa só participaram do início.
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